quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Morre Lentamente


Morre lentamente quem não viaja,
Quem não lê, quem não ouve música,
Quem destrói o seu amor próprio
Quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito
Repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
Quem não muda as marcas no supermercado,
Não arrisca uma cor nova
Não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão
Quem prefere o “preto no branco” e os “pontos nos is”
A um turbilhão de emoções indomáveis
Justamente as que resgatam um brilho nos olhos,
Sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa
Quando está infeliz no trabalho,
Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
Quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte
Ou da chuva incessante, desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
Não perguntando sobre um assunto que desconhece
E não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo
Exige um esforço muito maior do que o simples acto de respirar.
Estejamos vivos então!!!


Carlos Ferreira (Poeta Angolano)

Já deves ter morrido...