
Tantas, tantas, tantas saudades que me sinto a sufocar.
Mas tenho que confiar no tempo, na amabilidade e na gentileza do tempo, pois não há nada a fazer contra o que está feito, pois fiz o que achei correcto fazer.
Mas tenho tantas saudades, tantas, tantas saudades… e à noite é sempre pior, especialmente quando acordo de madrugada.
Nessa altura, o sufoco transforma-se em desamparo e vertigem e comporto-me como uma criança, penso como uma criança, falo como uma criança, sinto como uma criança, soluço como uma criança.
Mas o que tem que ser tem que ser, e terei a força de o honrar.
Devo proteger-me e dignificar-me antes de mais nada.
Hoje, ao contrário dos outros dias, porque estamos ainda longe da noite e da madrugada, sinto-me já como uma criança pequena, tonta e infantil.
Sinto-me como a criança que insistentemente espreita pela janela, à espera que uma sombra se desenhe ao fundo do caminho, embora saiba lá bem dentro do coração, que ninguém jamais chegará.
Ora eu tento libertar-me da esperança e não abraçá-la, eu tento transformar a força de me querer convencer, na naturalidade de saber que, embora gostasse que assim não fosse, “o meu coração não retornará a casa”.
A esperança não nos presta sempre o melhor serviço…