sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Doce Mentira


Acredito que podemos ver a mentira, basicamente, sob duas ópticas:
a boa-mentira e a mentira.
A boa-mentira é aquela que é usada em benefício do próximo, e pode até se confundir com hipocrisia, mas ainda não é.
Ela é quase que necessária, e pelo benefício que traz e por sua necessidade, é boa.
Quando vamos visitar um amigo que está no hospital, doente, de baixa auto-estima, doido para sair dali?
Então, carinhosamente, e com um sorriso no rosto, dizemos: "Nossa! Como melhoraste! Estás com outra cara!".
Quando isso não é verdade, imediatamente o nosso amigo doente dá uma aprumada, começa a sentir-se assim mesmo, aos poucos, mas começa.
E assim, praticamos nossa boa acção do dia com a nossa boa-mentira.
Já a mentira que não é boa, e para ela não tenho prefixos nem sufixos, é mentira pura mesmo, é perniciosa, daninha, e geralmente egoísta.
Aparece quando estamos inseguros, com medo.
Quando queremos evitar conflitos, quando não queremos por a nossa cara a “chapada”, quando varrer o pó para debaixo do tapete é a melhor saída nesse momento…
Mas... mas um dia alguém irá levantar o tapete, pode ser a própria vida a fazer isso, e todo o pó será espalhado com o vento.
O que nos motiva a fazer isso?
O que posso dizer é que essa mentira tem sua engrenagem azeitada pela má-fé.
E seus resultados não são bons, seja a curto, médio ou longo prazo.
Eu mesmo já sofri na carne o efeito da poeira que empurrei para debaixo do meu tapete, e até hoje ainda tenho tirar o pó da minha roupa.
Só que hoje faço isso com um pouco mais de auto-compreensão e tentativa de auto-perdão.
Mas e quanto aos outros?
Sim, como lidar com a mentira alheia quando ela te vê como alvo?
Não, não é fácil.
Saber ser mentira o que nos dizem, e não poder (ou não querer, por puro respeito) agir, é quase que angustiante, a meu ver, nada virtuoso.

Poderíamos escolher, e geralmente PODEMOS, o pior é sustentar essa escolha.

1 comentário:

Anónimo disse...

A pior mentira é aquela que guardamos dentro de nós...e tudo fazemos para a guardar.
Como te compreendo, já senti o mesmo...